O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) realiza, até 31/1, o I Curso Intensivo de Natação do Projeto Corre Legal. As aulas, voltadas para 30 jovens que cumprem medidas de internação nos Centros Socioeducativos de Belo Horizonte, acontecem nas dependências da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (EFFTO/UFMG), de segunda a sexta-feira, das 14h20 às 16h30.

As aulas são ministradas na piscina da Escola de Educação Física da UFMG (Crédito: Riva Moreira/TJMG)

A juíza Andréa Mol Bessa, do Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA-BH) e coordenadora do Corre Legal, afirmou que a natação foi uma nova conquista do projeto com apoio da UFMG. “Estamos conseguindo incluir no projeto outras modalidades de esportes e, neste mês de férias, disponibilizamos o curso intensivo de natação. Em todas as tardes de janeiro, 30 adolescentes - sendo 15 das unidades de internação e 15 da unidade semiliberdade - estão divididos em duas turmas. Apresentamos a eles essa oportunidade de ter essa vivência e descobrimos que nenhum deles sabia nadar. Para muitos, essa foi a primeira vez em uma piscina e, desde que começaram as aulas, já houve um grande progresso. Pretendemos fazer outra edição do curso nas férias de julho”, disse a juíza.

Para a juíza Andréa Mol Bessa, os resultados do Projeto são muito positivos e o objetivo é poder ampliar as modalidades de esportes (Crédito: Riva Moreira/TJMG)


As aulas de natação são ministradas por dois professores da Escola de Educação Física da UFMG: Larissa Fernandes Lacerda, que se formou em dezembro de 2023, e João Maurílio Lovalho Lopes, que cursa o 7º período. Para Larissa, é uma experiência muito bacana poder proporcionar a natação para esses adolescentes. “A nossa ideia é que eles aprendam e experimentem os quatro tipos de nados (borboleta, costas, peito e crawl) e possam vivenciar e aproveitar bastante esse aprendizado para a vida toda”.

João Maurílio ressaltou que é uma oportunidade muito enriquecedora para os instrutores e para os alunos. "Nem sempre as pessoas têm a oportunidade de frequentar uma piscina ou ter treinadores para aumentar o desempenho na água. Esse projeto em especial é uma experiência nova, e poder trabalhar com esse público realmente está sendo muito agradável. Eram todos iniciantes quando chegaram aqui e, após menos de duas semanas de aulas, já vimos uma evolução enorme”, afirmou o instrutor.

Para a adolescente M.G.L, de 17 anos, aprender a nadar foi uma das melhores e mais emocionantes experiências que ela já teve na vida. “Eu morria de medo de entrar na água e agora estou amando e aprendendo muito. Já sei ficar na água sem problemas e também aprendi a nadar crawl e peito até agora. Faltam os outros e também fazer a cambalhota. Também adoro correr e já participei das corridas de rua. E eu quero ter muitas outras oportunidades, quero estudar e ser veterinária um dia. Porque antes, lá fora, no 'mundão', eu nem me preocupava com isso, mas agora eu quero correr atrás e conquistar tudo que eu quero”.


Os instrutores Larissa Fernandes e João Maurílio também estão aprendendo muito com a oportunidade de ensinar aos adolescentes (Crédito: Riva Moreira/TJMG)

Sobre o Projeto Corre Legal

O Projeto Corre Legal foi criado em agosto de 2020 por juízes da Vara Infracional da Infância e Juventude da capital, com o objetivo de utilizar o esporte como meio de reeducação social para jovens entre 12 e 18 anos. A iniciativa executa as medidas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que ressaltam a importância de desenvolver uma prática educativa e esportiva como alternativa de desenvolvimento, além do aprimoramento das potencialidades dos jovens, especialmente na postura ético-cidadã dentro da comunidade em que eles vivem.

O projeto teve início com a viabilização da participação dos adolescentes em corridas de rua, com foco em proporcionar uma atividade para que eles pudessem sair de dentro dos muros das instituições. Em 2023, foi fechada uma parceria com a Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o centro de treinamento da universidade para a prática de diferentes modalidades do atletismo, entre outras atividades, como agora a natação.

De acordo com a juíza Andréa Mol Bessa, o sistema possui 14 unidades, entre centros de semiliberdade, internação provisória e internação definitiva na capital mineira. Ela destacou que, desde o início, o projeto Corre Legal tem surtido um efeito muito positivo na vida dos adolescentes, com foco na ressocialização e pertencimento à sociedade.

“O Corre Legal vem sendo muito importante para que esses jovens aprendam a seguir regras. Eles têm apresentado muitas mudanças positivas de comportamento, pois o esporte colabora muito na saúde mental, psicológica e emocional dos adolescentes. Temos uma adesão muito grande às atividades e estamos tentando ampliar para atender cada vez mais pessoas. Começamos com as corridas, depois outras modalidades de atletismo, tênis de mesa, agora a gente já conseguiu a natação. Em breve, vamos até inaugurar uma academia de musculação em uma das unidades, com aparelhos e tudo mais. Futuramente, vamos pensar em ampliar as possibilidades para aulas de taekwondo, por exemplo. O foco é que o Corre Legal consiga oportunizar várias modalidades de atividades físicas para os adolescentes escolherem”, afirmou a juíza.


Durante o curso, os jovens vão aprender todas as modalidades de nado (Crédito: Riva Moreira/TJMG)

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REPRODUÇÃO (https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/tjmg-realiza-i-curso-intensivo-de-natacao-do-projeto-corre-legal-8ACC80C28CB828BC018D19481A673CD9.htm)

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